[GUIZO + SCOUNDRELS]

Rock, suor e cerveja no N101

Houve certos episódios na história da música popular, leia-se da pop e do rock de origem anglo-saxónica e a partir da segunda metade do século passado, que ficaram associados a cidades e a sítios concretos. Nova Iorque é a primeira que poderá saltar à ideia, Londres, Manchester também. Quanto aos “sítios concretos” houve o The Cavern ou o UFO Club, onde os Beatles e os Pink Floyd, respectivamente, deram os primeiros concertos. O CBGB berço do underground nova-iorquino. Ou ainda o Hacienda em Manchester.

Temos conhecimento hoje destes episódios como factos consumados da história. Isto é, conhecem-se os pontos de referência, mas menos fácil será saber o que poderá ter estado na origem daqueles movimentos e o que liga, ao longo da história, aqueles pontos de referência, a que se foi dando nomes como pop, rock, punk, psicadélico, new wave, madchester, trip-hop, post-rock, etc. É esta parte da história que parece ser mais estimulante: saber o que determina a passagem de uma “onda” para outra.

Vem tudo isto a propósito do concerto em dose-dupla que aconteceu no passado fim-de-semana, no Bar N101, com os GUIZO e os SCOUNDRELS. O mesmo palco onde já tocaram SMARTINI, SLIMMY, MANTRA, ALL STAR PROJECT, só para lembrar alguns.

Uma noite quente e húmida, associada à exiguidade do espaço, tornou o ambiente sequioso de bebida (álcool), propício ao consumo música e corpos em movimento. O melhor rock fazia-se ouvir logo à chegada, com o dj I’M NOT A DJ (aka Horácio), contagiando as almas e corpos presentes e forçando ainda mais o ar.

Os GUIZO subiram ao palco já era domingo. Abriram com Gone 4 2 Days, passaram em revista 1979 dos Smashing Pumpkins e o Um Céu Para o Meu Cão dos SUBCULTURA. Rock competente e sem ligeirezas.

Depois vieram THE SCOUNDRELS (NEXT DOOR) e mais uma vez o rock visceral que nos punha (imaginamos) numa noite no CBGB. Veio também o “tributo” ao legado 70’s dos The Who.

Destacar as músicas não originais das bandas não deve ser entendido como uma depreciação das músicas originais. Nada disso. Deverá servir antes como um estímulo para conhecer, numa próxima oportunidade, o que de melhor se vai fazendo nas Taipas em termos musicais e que não é de todo de desprezar.

Depois dos concertos, já em regime de jam session a música continuou e o volume de som aumentou até ao final da noite. Foi pena que o que se fazia no palco tenha roubado tempo e espaço à prestação do I’M NOT A DJ, que contribuiria por certo para alargar as geografias sonoras.

Depois daquela reflexão inicial, poderá ser legítimo deixar a questão: será que estamos, hoje e aqui, a assistir uma coisa realmente grande? Eu gosto de acreditar que sim. Para quem não foi, que vá para a próxima. Talvez estejamos a fazer parte da história. Pelo menos da nossa história.

2 comentários:

Anónimo disse...

Foi sem duvida muito bom mas anonimo nao vamos por aí senão daqui a pouco isto descamba. Parabens ao paulo. Era muito bom que fizesse-mos so 101 um cavern club n? quem sabe...

Anónimo disse...

pessoal parabens pelo blog. cada vez ele ganha mais qualidade e utilidade. Continuem p.f. e não liguem ao pessoal que serve para deitar abaixo. obrigado :)